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quarta-feira, 18 de abril de 2012

Terapia do Esquema.

Apresento o inicio da série de fichamentos relacionados ao livro: Terapia do Esquema de J.Young, J.S.Klosko e M.E.Weishaar.


Estudo esta metologia também por acreditar que ela me ajuda a ampliar, aprofundar, desenvolver e manejar clinicamente conceitos básicos desenvolvidos inicialmente por Wilhelm Reich como traço, estrutura e analise do caráter. Destes estudos, quando aprofundados e sistematizados pelo próprio ( 1933) e posteriormente por seus “seguidores“, emergiu a clinica reichiana, a Analise do Caráter. Com a descoberta do orgone, o próprio autor, pareceu ter relegado estes aspectos a um segundo plano pois a própria formação dos traços de caráter foram vinculados aos bloqueios energéticos mais como sintomas do que como expressões destes. Por isso, os aspectos cognitivos dos traços, assim como os mesmos, saíram do foco atencional dos terapeutas comprometendo em muito a eficácia e eficiência da metodologias que se superpuseram a ela: vegetoterapia caractero-analítica e orgonoterapia.

Interessante verificar que mesmo Reich sendo o autor da Analise do Caráter, e esta fazer parte de seu "periodo psicanalítico", e ser reconhecido como importante e fundamental referencia neste estudo e conhecimento, ele não está incluído nas referencias bibliográficas da TE. Talvez por isso, a TE se auto intitula como uma metodologia inovadora e integradora.

As principais referencias dentro da Terapia Cognitiva Comportamental citam Reich. A Gestalt que é assumidamente uma referencia para a TE tem em muitos de seus pressupostos, princípios e axiomas desenvolvidos por W.Reich. Então é minimamente estranho. Mas a intenção aqui não é a denúncia e/ou fomentar a briga por poder e financiamentos mas sim mostrar que o caminho inicialmente trilhado por esta grande e polemica pessoa - W.Reich - ainda representa para muitos, iniciados ou não, o “Caminho Real para a consciência”.

Att,
Fabian Dullens.


FICHAMENTO TERAPIA DO ESQUEMA.


Proposta de terapia inovadora e integradora ,desenvolvida por Young e colegas, que amplia significativamente os tratamentos e conceitos da TCC.

Mescla elementos das escolas Cognitivas Comportamentais, de apego, relações objetais, gestalt, construtivista e psicanalítica.

Pacientes com problemas caracterológicos e com transtornos de personalidade não respondem totalmente a tratamentos CC tradicionais.

Resistência aos protocolos de tratamento, pouco contato com suas cognições e emoções- evitação cognitiva e afetiva/rigidez caracterologica e do próprio esquema. Os conflitos e problemas apresentados são egossintonicos - centrais a seu sentimento de identidade.

Na tcc a relação paciente-terapeuta não é um foco importante do tratamento e são vistas mais como obstáculos a serem superados. Pacientes dificeis de tratar tiveram relacionamentos pessoais disfuncionais desde cedo e por isso tem dificuldades em estabelecer uma aliança terapêutica funcional. Como as questões interpessoais costumam ser o problema central , a relação terapêutica constitui-se em uma das melhores áreas para se avaliar e tratar esses pacientes .

Falta de discernimento em relação a problemas -alvo nos pacientes com problemas caracterologicos. Apresentam problemas vagos, crônicos e difusos e com pouca qualidade de vida.

Abordagem sistemática. Pode ser breve, de médio ou longo prazo, dependendo do paciente. Ênfase à investigação das origens infantis e adolescentes dos problemas psicológicos, às técnicas emotivas, à relação terapeuta-paciente e aos estilos desadaptativos de enfrentamento. Volta-se ao tratamento dos aspectos caracterologicos e não aos sintomas psiquiátricos agudos. Usando os modelos desenvolvidos pela TE, os pacientes obtem a capacidade de perceber os problemas caracterologicos como egodistonicos e, assim, de se capacitar para abrir mão deles.

Quando os pacientes repetem os padrões disfuncionais baseados em seus esquemas, o terapeuta os confronta, empaticamente, com razões para a mudança e de uma “recuperação parental limitada”

Esquemas: qualquer principio organizativo/tema/padrão amplo que um individuo use para entender a própria experiência de vida e seus relacionamentos, formados em etapas iniciais da vida - infância e adolescência-e elaborado ao longo da vida- através de experiências nocivas repetidas e reforçadas regularmente , constituído por memórias, emoções e sensações corporais e disfuncional em nível significativo- autoderrotistas. .

Nem todos os esquemas fundamentam-se em traumas ou maus tratos. Começam como representações do ambiente da criança baseados na realidade e são ativados na vida adulta por eventos que percebem ( inconscientemente) como semelhantes as experiências iniciais desadaptativas e por isso carregadas com fortes “emoções negativas”: aflição, medo, raiva, vergonha,...(aspas minha). As razões atribuídas pelo paciente para esta dinâmica podem ser equivocadas , mas sua sensação básica sobre o clima emocional e a forma como foi tratado quase sempre é valida

As pessoas se sentem atraídas por eventos que ativam seus esquemas levando-as a recriar, inadvertidamente, quando adultas, as condições iniciais que lhe foram mais prejudiciais. Os esquemas lutam para sobreviver - coerência cognitiva. Embora cause sofrimento é familiar - zona de conforto

O comportamento desadaptativo não pertence ao esquema em si mas desenvolve-se como respostas a um esquema

Resultam de necessidades emocionais não satisfeitas na infância. A TE postula 5: 1)vinculo seguro com outros indivíduos( inclui segurança, estabilidade, cuidado e aceitação); 2) autonomia, competência e senso de identidade; 3) liberdade de expressão, necessidades e emoções validas;4) espontaneidade e lazer e 5) limites realísticos e autocontrole.

Em nosso modelo, os 18 esquemas estão agrupados em 5 categorias amplas de necessidades emocionais não-satisfeitas a que chamamos de “domínios de esquemas”: 1) desconexão & rejeição; 2) autonomia & desempenho prejudicados; 3) limites prejudicados; 4) direcionamento para o outro e 5) supervigilancia & inibição.

Os esquemas desenvolvidos mais cedos e mais fortes geralmente se originam na família nuclear. Esquemas desenvolvidos posteriormente não costumam ser tão impregnado ou tão poderosos

4 tipos de experiências nocivas que estimulam a aquisição de esquemas: 1) frustração nociva das necessidades; 2) traumatização ou vitimização; 3) pais lhe proporcionam em demasia algo que , moderadamente, seria saudável. Demasiada indulgência. Não se atende às necessidades emocionais de autonomia ou limites realistas. Pais exageradamente envolvidos na vida na criança, superprotegendo-a ou dando-lhe liberdade e autonomia sem limites e 4) internalização ou identificação seletiva. Criança identifica-se seletivamente e internaliza pensamentos, sentimentos, experiências e comportamentos dos pais ( “padrão relacional”. Acréscimo meu). Algumas destas identificações e internalizações se tornam esquemas, modos ou estilos de enfrentamento.

Acreditamos que o temperamento determine em parte se um individuo irá se identificar e internalizar as características de uma pessoa importante.

O temperamento emocional é um outro fator importante, além do ambiente remoto da criança, que também cumpre papel fundamental no desenvolvimento de esquemas.

Diferentes temperamentos expõe, de forma seletiva, as crianças a diferentes circunstancias de vida.

A socialiabilidade mostrou-se um traço de destaque em crianças com alta capacidade de recuperação, que prosperam apesar de abusos e negligencia.

Em nossa observação, há possibilidade de um ambiente remoto extremamente favorável ou adverso sobrepujar em muito o temperamento emocional

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