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domingo, 20 de março de 2011

O elo perdido entre a biologia e a psicanálise.

·         Passagem Sec.XXI > mudanças paradigmáticas no tratamento das disfunções emocionais e da subjetividade;
·         Kandel > 3 fatores básicos para o declínio da psicanálise:  parcialidade do investigador, ausência de experimentos cegos e inserção/ políticas institucionais alinhadas à ideologia burguesa e afastadas da biologia
·         Reich > busca de indicadores  confiáveis para critério de saúde psíquica > criticas a 2ª tópica freudiana (ausência de bases fisiológicas e ênfase no Pathos ) > inserção sócio-politica >prevenção de neuroses
·         Clinica corporalista da subjetividade > vantagens para sua inscrição dentro do âmbito das investigações cientificamente consistentes: procedimentos padronizados e baseados em comportamentos filogeneticamente estabelecidos e fenomenologia do corpo como instrumento de rastreio da evolução terapêutica
·       Kandel  > divórcio entre a subjetividade transcendente e o organiscismo biologista > riscos
·        Reich > flexibilização de barreiras disfuncionais na promoção da flutuação espontânea do pano de fundo biológico do qual emerge a subjetividade > a “atenção orientada” produz uma via de reentrada na consciência de conflitos emocionais que perturbam a saúde mental e a integração social e harmoniosa entre os indivíduos
·         PN > filiação neurobiológica > reestruturação da função atencional > atenção a Si > transformação pessoal e da sociedade

4 comentários:

  1. Apesar de minha primeira experiência como paciente em psicanálise ter redundado em procurar a Bioenergética, hoje em dia, mais uma vez fazendo psicanálise com uma outra profissional da linha da esquizo-análise e estudando na formação de psicanálise do CEPCOP e na Spid, acredito que não há uma "decadência" da psicanálise.

    Aliás, acho um erro que para se validar uma técnica se tenha de colocar as outras técnicas como menos válidas, ou ultrapassadas ou...

    Todo pensador sempre dialoga com o seu antecessor e neste diálogo se fazem críticas ou adendos ao pensamento (e prática clínica)anterior. Assim foi com Freud, Jung, Reich, Winnicott, Lacan ou quem fôr. Mas daí a acreditarmos que seus oponentes estavam realmente ultrapassados são outros quinhentos. Afinal, sempre algo deste pensamento permaneceu e é usado como base para a pesquisa futura.

    A psicanálise é, ainda hoje, uma fortíssima instituição e, depois do psiquiatra, a primeira coisa que alguém é indicado a buscar para entender a raiz de seus comportamentos "estranhos". Todas as outras abordagens de psicoterapias ainda são relativamente desconhecidas e apenas agora começam a ser também indicadas.

    Talvez a psicanálise só perca para as terapias cognitivos comportamentais, em termos de popularidade e reconhecimento acadêmico.

    Além disso, a psicanálise não morreu com Freud ou com Lacan. Há quem pesquise, quem acrescente, quem busque, dentro da psicanálise, algo de novo.

    Não sou psicanalista. Creio defender tal posição porque nunca vi nenhum benefício real em se negar a contribuição de nossos pares. Afinal, eles são estudiosos, pesquisadores, clínicos- como nós (mesmo que alguns de seus membros desconsiderem as abordagens corporalistas como seus "pares" acadêmicos, mas aí, é problema deles)

    E sigamos estudando....

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  2. Agora, pós aula, devidamente entendido o contexto em que se falava a psicanálise estar ultrapassada- ou seja, por conta dos 3 fatores (parcialidade do investigador, critérios de cientificidade e questão institucional) aí concordo. Está mesmo.... Mas pode mudar, se o profissional buscar corrigir estes 3 pontos....

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  4. Então, Cynthia e demais parceiros de viagem:

    O artigo de Kandel não diz que a psicanálise esteja ultrapassada, pelo contrário. O que ele defende é que a psicanálise (entenda-se aqui as psicoterapias em geral)precisa se abrir à biologia e ao método científico a fim de não se ver reduzida em sua importancia teórico-clínica.

    A abertura dos sistemas de produção de subjetividade à biologia e aos modernos métodos de investigação científica - no nosso caso, a articulação entre os métodos qualitativos e os quantitativos conforme propõe o David Chalmers - só agrega valor e nos permite apreciar de modo mais adequado quais aspectos que devem e podem ser preservados nos nossos atuais paradigmas, diferenciando-os daqueles que se mostram insuficientes ou inadequados para dar conta da complexidade da clínica psicoterápica.

    Karl Popper observa que um dos critérios de cientificidade consiste em identificar a capacidade de falseamento de um objeto, seja ele físico ou teórico.

    Em resumo, Popper diz o seguinte: uma coisa só pode ser considerada verdadeira se for passível de falsificação. Por exemplo: qual é a diferença entre um uísque escocês e um 'Made in Paraguai' ou entre uma pérola organica e uma artificial?

    Só se pode estimar a diferença entre ambos os objetos na medida em que se conheça as características do objeto original; do contrário, como se poderia reconhecer a cópia?

    Observem que não se trata aqui de afirmar a superioridade de um objeto (o legítimo scotch) sobre o outro (o similar paraguaio) mas de esclarecer as diferenças entre ambos de modo a que um objeto não seja tomado (ou bebido, no caso) pelo outro.

    No nosso contexto o problema é bem mais complexo pois trabalhamos com operações subjetivas que, entretanto, impactam a realidade física somática objetiva do sujeito, e as suas produções imaginárias, o que apresenta repercussões diretas e indiretas sobre o entorno socio-ambiental.

    Tomemos por exemplo a explicação de Freud (vista na aula passada) sobre os insucessos na clínica psicanalítica. Com a introdução da idéia de uma força inconsciente que se opunha ao bem estar, Freud atribuía ao masoquismo primário dos analisandos a responsabilidade pelo insucesso do processo terapeutico sem se dar conta que tal insucesso poderia ser uma decorrencia de deficiencias da técnica psicanalítica.

    Além disso,a hipótese freudiana do masoquismo primário como expressão de um pulsão de morte originária da própria vicissitude do ser vivo livrava a sociedade de responsabilidades na produção da dimensão trágica da condição humana e gerava - a meu ver - uma condição de resignação sine qua non a vida civilizada seria impossível.

    Entretanto, o constructo freudiano não deve ser descartado a priori, pois a experiencia clínica revela que muitas vezes há mesmo uma espécie de boicote inconsciente ao processo psicoterápico; mas isso não explica tudo, muito pelo contrário.

    Em suma, a adoção de critérios e métodos empiricamente responsáveis parece ser o único antídoto até aqui conhecido para que se possa evitar a perseveração de argumentos falaciosos que implicam em perda de foco teórico-clínico e em manipulações de poder e prestígio (como a exclusão e invalidação de Reich pela troika psicanalítica da época).

    Assim, a adoção de procedimentos científicos no contexto da psicoterapia parece ser a condição necessária e suficiente para evitar que joguemos fora o bebê junto com a água do banho.

    O que não significa dizer que o método científico esteja isento de manipulações e falseamentos; mas esses, quando ocorrem, podem ser identificados e o rumo corrigido tão logo identifique-se a inconsistencia.

    Afinal de contas, quem tem medo de Virgínia Wolff? Quem tem medo do bafômetro da Lei Seca?
    Quem bebeu e pegou no volante ou quem está sóbrio?

    Abraços a todos
    Zix

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